domingo, 15 de julho de 2012

MEIO POESIA


Eu não sei fazer poesia
O que eu faço é confusão com as palavras
Nessa brincadeira de ser poeta
Nessa briga contra a inspiração
Nesse estupro da arte
Vivo, brinco, imito.

Talento pra que?
Dedos para escrever
Pegue palavras a seu gosto
E preencha o vazio branco do papel
Com mais vazio ainda
Produza loucura, denuncie o tédio.

Não pense na rima, na métrica, ou em sonetos de amor.
Fale do céu, ou desse cotidiano meio melancólico.
Fale de seu dia, da sua merda, ou de uma garota correndo atrás do ônibus.
Se debata em lamurias e dilemas vazios
Crie tristezas falsas, amores falsos.

Tente, meio assim, de repente, meio assim, um repente,
Uma aliteração, quem sabe, pode vim em mente.
Seja curto, não prolongue o fim iminente do seu poema oco.
Pois fica sem final, e acaba em uma frase qualquer.
Poemas são as rapidinhas da literatura
Bom, rápido, no meio do dia, no meio da noite, no meio de alguém, no meio de alguma coisa, simplesmente assim, no meio.

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