sábado, 29 de setembro de 2012

O COMEÇO FOI ESQUECIDO.



O amor já morreu há muito tempo
Por entre brigas e noites silenciosas
Ou pelas lagrimas caídas de teus olhos castanhos claros
E você dizia “por quê? por quê?” e eu me mantinha calado.
Alcoólicas frases que queimavam mais que fogo.
Falsas verdades despertando falsos ciúmes.

Hoje você saiu de minissaia e batom vermelho
E eu cair de bêbado em um bar qualquer.
As risadas morreram os carinhos também e até as brigas não há mais
Só nos restaram lembranças ruins e corações vazios.

Na ponta da faca...


- Baby, não se apaixone por mim.
- Por quê?  Você vai me fazer sofrer?
- Só se você se apaixonar.
... Ela se apaixonou mesmo assim.

Todo amor é efêmero...


- Hey baby, você gostaria de ser o ultimo beijo de um homem?
-Você me promete amor eterno?
-Foi mal, mas isso não dá.
A garota beija o homem, na manhã seguinte eles acordam na mesma cama, 1 ano depois eles ainda acordam na mesma cama, 10 anos se passam e eles continuam a acordarem na mesma cama... e ele nunca prometeu amor eterno.

Amor vagabundo...


-Quanto custa?
-50.
-A gozada?
-É.
-Beijo na boca?
-Não.
-Rola um “eu te amo”?
-Também não.
- Café na cama?
- Você tá de onda?
- Não, é sério, eu curto um carinho.
-Ahhh, você quer carinho é?
-Quero.
-Ahhh, então só casando.
-Ok, custa quanto?
-Só sua alma... meu amor.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

QUAL É SEU NOME HOJE?


Sou duro de mais para falar de amor,
Mesmo assim eu falo

Por entre cascos vazios de cerveja barata
O meu coração se abre a oportunidades,
Mas as rosas não apreciam meus carinhos.

Encho meu copo de cerveja
E bebo em uma só virada
Pra ver se encontro a felicidade,
Mas só encontro um copo vazio.
Torno a enchê-lo de novo
Uma forma de anestesiar meu corpo e minha alma.

Agora, ando sozinho para casa
Vendo as luzes da avenida a me iluminar
Meus passos são trôpegos
Vejo as rosas no caminho, mas elas não me vêem;
Deveria ter bebido mais

Agora as damas da noite saíram à rua
Carros grandes e suspeitos param no meio fio na busca do prazer
Minha casa está próxima, mas o mar me chama
Ele grita meu nome através de ondas violentas
Porém eu ignoro o mar, vou pra minha casa
Pra minha cama, pra minha covardia
Mais uma vez eu perdi para o medo
Meu nome é fracasso.

Faltou Luz

   Chove lá fora e há só escuridão em minha casa, o tempo decidiu apagar as luzes, agora só esperando o amanhecer. O tédio faz o seu trabalho enquanto o sono decide não aparecer. Como vivia os homens da caverna? Provavelmente mais felizes do que os atuais, tenho uma mera impressão que todos nós nascemos na época errada, se é que existe alguma certa.
   A unica coisa que pode explicar a condição humana é o caos, uma queda geral de energia no mundo e bum! O estrago está feito.
   A noite é um lugar para as feras, isso explica muita coisa. Apesar de tudo sou um fã do dia, do sol, mas ainda é trevas e eu estou em casa, assim como a maioria. Alguns podem até negar, mas a verdade é que no final todos temos medo do escuro.

Soneto

Eu casei com a melancolia
E como amante tive a solidão
Mantive distância de dona alegria
Na minha vida só há espaço pra devassidão

Ando de mão dadas com a tristeza
E como companheira levo a angustia
Disse não a paz, ao sossego e a leveza
E para o sorriso alheio, carrego em resposta a antipatia.

A literatura é o meu remédio
O álcool minha morfina
Passado, presente, futuro de puro tédio

Essa é minha derradeira rotina
Passar a vida a olhar os prédios
Que prenuncia a minha sina.

PALAVRAS QUE NÃO APRENDI NO DICIONÁRIO

Euforia- Um engano causada pela alegria momentânea.
Melancolia- Uma falsa tristeza causada pelo tédio.
PensamentosSuicidas- Uma superestimação da tristeza momentânea.
Paixão- Loucura causada por amor momentâneo.
Dor- O medo em sua forma final.
Desejo- Tudo aquilo que queremos e não temos.
Imaginação- Onde as melhores coisas acontecem sem nunca terem acontecido.
Realidade- Onde até as melhores coisas tornam-se trágicas.

Não lembro.

Eu quero um sono bem profundo
Onde eu esqueça de tudo, de todo mundo.
Onde eu esqueça onde estou
Onde esqueça quem eu sou
Onde eu esqueça o que fiz
Onde esqueça o que não fiz
Onde eu esqueça o que ser
Onde esqueça de esquecer.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

É CARNAVAL...


É carnaval na cidade
Mas eu não estou atrás do trio.
As pessoas festejam suas vidas enfadonhas
Com musica ruim e álcool em excesso
A putaria fica implícita.
Não condeno e nem acho errado
Pelo contrário, acho fascinante.
Mas não é pra mim
Carnaval é uma festa daqueles que gostam da felicidade
Eu sou um homem que se apaixonou pela melancolia
Estou mais para bares escuros, uísque com gelo e um blues antigo.
Pego meu velho violão desafinado e toco errado uma musica
Gosto mesmo assim, depois escrevo, depois adormeço.
Ainda assim é carnaval na cidade
E eu não fui convidado.



domingo, 15 de julho de 2012

Delírios da madrugada



   Naquela noite em que você não atendeu minhas ligações, onde você estava? O que você estava fazendo? O que você estava vestindo? Com quem você estava? Estava você em casa, comendo sorvete, assistindo a um filme romântico ou ouvindo a nossa musica, em sua camisola, totalmente sozinha, ou melhor, em companhia de seu ursinho Ted que eu te dei nos dias dos namorados. Ou tava você por aí, sem onde, nem quando, com aquele seu vestidinho preto que me mata do coração e de batom vermelho. E talvez tivesse com Ted, mas não o urso, Ted algum grande babaca em potencial que frequenta baladas movimentadas e que bebe uísque com Red Bull. Porém é possível que você esteja no IML, deitada e fatiada por algum açougueiro que chamam de doutor, nua totalmente nua, aquela tua pele branca exposta e o sangue em contraste a tamanha pureza, sem pensamentos, sem magoas, sem tristezas, só o doce silencio da morte ecoa de você, e se olhar bem no teu rosto o caminho das lagrimas que caíram instantes antes da tua morte ainda é visível, Por quem você chorou? Porque chorou? Porque morreu, meu amor?

POEMA BREVE


Minha poesia é curta, assim como eu
Ela dura menos do que sonhos de adolescente
Nasce de um lapso momentâneo meu
E morre rapidamente.

SEJAMOS CHATOS, INVEJOSOS E RABUGENTOS


Não há mais espaço para poesia, não há mais espaço para amores exagerados.
O poema perdeu sua independência, precisa da musica ou de alguma tecnologia nova.
Ou simplesmente foi reduzido a uma linha, a uma maldita frase.
“Que seja eterno enquanto dure” posta a adolescente apaixonada em sua rede social
Provavelmente nem sabe quem foi o autor.
Mas os velhos até que duram, ainda.
Os jovens morrem na sombra do esquecimento
Quantos Pessoas, Shakespere, Drummonds
Estão por aí, escrevendo prosa, escrevendo música.
Por favor, não musique meus poemas (a não ser é claro que dê muito dinheiro).
Não há mais espaço para subjetividade, para as sutilidades
Grite, desenhe, tire uma foto ou filme, sei lá.
A poesia morreu assim como o cinema mudo
Dane-se O artista, dane- se a arte.
Vamos escrever um livro
Sobre magia, vampiros que não chupam sangue, intrigas mirabolantes, ou qualquer coisa que venda.
O tal do ego te faz escrever o poema e te faz ter vergonha do mesmo
O poeta virou marginal, um “louco”,um “boiola”, um “depressivo”
Não escrevam poesias crianças, batam punhetas, ouçam a musica do verão, e abra seu “feice”.
Agora adeus, porque vou escrever meu livro de autoajuda, vai ver se me ajuda e eu fico rico.
Um poeta rico, mas sem poesia.

MEIO POESIA


Eu não sei fazer poesia
O que eu faço é confusão com as palavras
Nessa brincadeira de ser poeta
Nessa briga contra a inspiração
Nesse estupro da arte
Vivo, brinco, imito.

Talento pra que?
Dedos para escrever
Pegue palavras a seu gosto
E preencha o vazio branco do papel
Com mais vazio ainda
Produza loucura, denuncie o tédio.

Não pense na rima, na métrica, ou em sonetos de amor.
Fale do céu, ou desse cotidiano meio melancólico.
Fale de seu dia, da sua merda, ou de uma garota correndo atrás do ônibus.
Se debata em lamurias e dilemas vazios
Crie tristezas falsas, amores falsos.

Tente, meio assim, de repente, meio assim, um repente,
Uma aliteração, quem sabe, pode vim em mente.
Seja curto, não prolongue o fim iminente do seu poema oco.
Pois fica sem final, e acaba em uma frase qualquer.
Poemas são as rapidinhas da literatura
Bom, rápido, no meio do dia, no meio da noite, no meio de alguém, no meio de alguma coisa, simplesmente assim, no meio.

terça-feira, 10 de julho de 2012

ONDE ESTÁ HANNA?


 Deixa eu te falar de Hanna. Hanna bebe café com leite e bastante açúcar. Hanna só anda descalça e de macacão. Hanna ama cinema, mas odeia o Godard. Hanna assistiu crepúsculo, e chorou. Hanna nunca ficou doente. Hanna adora musica, e seu instrumento favorito é o assobio, ela assobia tão lindo quanto um passarinho. Hanna ri o tempo todo, mas chora sem razão. Hanna brinca, briga, grita; Hanna agita! Hanna fica de mal, mas depois te beija e pede desculpa. Hanna joga futebol, mas não sabe o que fazer com a bola. Hanna fala pelos cotovelos, mas cala de repente por puro mau humor gratuito.
   Hanna tem 5, tem 15, tem 30 anos, as vezes, Hanna é tão velha quanto o mundo. De dia Hanna é loira, de tarde Hanna é ruiva, de noite Hanna é negra, às vezes, Hanna é todas as etnias do mundo. Hanna é menina, Hanna é mulher, Hanna é senhora, às vezes, Hanna até é homem. Hanna é virgem, Hanna é puta, Hanna é o que ela quiser. Às vezes Hanna se perde, no meio de tantas Hannas, quem ela é? Porém, hoje Hanna saiu de vestido vermelho e vai dançar a noite toda, haja cuba libre pra Hanna! Hanna me amou, Hanna me ama, Hanna jamais me amará. Hanna chegou de madrugada, dormiu e nem limpou a maquiagem ou tirou a roupa suja do corpo.
   Hanna não anda de carro; anda de bicicleta, cai, rala o joelho, e volta a montar sua Caloi rosa. Hanna atravessa a rua dançando ou fazendo malabares. Hanna não dá esmola a mendigo, mas divide um litro de vodca com ele. Hanna não escreve poesia, mas declama versos em voz alta. Hanna fuma, mas não traga. Hanna bebe, só não gosta de água. Hanna é amada, é odiada, Hanna só não sabe o que é indiferença. Hanna tem medo de altura, mas já pulou de bungee Jump. Hanna anda pelo meio fio, pula de uma perna só e diz que é um saci. Hanna só dorme depois que lhe contam uma estória, com final feliz.
   Hanna sou eu, Hanna é você, Hanna é uma criança faminta, um adolescente complicado, um velho doente. Hanna é a mulher que talvez eu me apaixone um dia, ou talvez uma filha que eu venha ter. Hanna pode ter passado e eu nem a vi. Hanna pode está lendo isto e sorrindo. Hanna pode está no ponto de ônibus me esperando, mas eu volto para minha casa a pé. Hanna é a lagrima de uma mulher apaixonada. Hanna é toda esperança que restou do mundo. E para você, Hanna vai nascer ou já morreu?

DEIXA-ME FALAR DE AMOR TAMBÉM


Amor e poesia
Tão clichê
Mas afinal, todos amam clichês.
O amor é poético por si só
A poesia talvez seja só um reflexo
Não importa o que digam
Todo poeta quer falar de amor, mesmo que não fale.
Todos querem uma musa para platonizar ou carnalizar mesmo
 Poesia vive de amor, se abastece dele, o resto é bobagem.
O poeta é um apaixonado por lei
Um apaixonado pela vida, ou melhor,
Um apaixonado pelo um ideal (ou ideia) de vida
A realidade não é suficiente para ele
É necessário o papel, as palavras, o veneno doce do amor.
A loucura como irmã da paixão, anda sempre por perto.
Então fica a questão, o poeta escreve porque ama ou ama porque escreve?
Mas como disse o Pessoa, antes de tudo o poeta é um fingidor,
Finge tão bem, que as vezes nem sabe se finge mais a dor que deveras sente.
De resto só uma coisa é certa, o que o poeta escreve é amor.

DO TÉDIO NASCE UM POEMA


Ando, canto, danço
Na loucura me encanto
Do desejo do quando
Sem certezas me lanço
Uma vida em busca de belezas
Diversas belezas
Onde se finda a arte

Sou marte
Em busca de Vênus
Do segredo
Que com passar do tempo sei cada vez menos
Mas sem enredo, traço uma estória,
Enlaço vidas, sem vindas, só idas.

Renunciei a lucidez
Para o paraíso? Se (ir)ei não sei.
Vivo a vida um dia de cada vez
Sem sorte, sem deus, sem lei.
Em um mundo de bípedes
Escolhi ser passarinho
Pra ter asas e voar
Sem pés, sem ninho.
Meu único objetivo é... Amar.

domingo, 8 de julho de 2012

UM POUCO DE INDECÊNCIA LÍRICA, POR FAVOR.


Deixa eu me afogar em tua pele
Sentir teu cheiro pela amanhã
Afagar teus cabelos, receber teus beijos.
Deixa eu te amar, te odiar.
Deixa eu morder teus lábios com violência
Te xingar de vagabunda, prostituta ou meu amor
Sentir o teu gosto doce e amargo, às vezes salgado.
Se apaixona por mim e depois me diz como se faz
Reclame, chore, e me chame de “filho da puta”
Quebre um pires e corte seu dedo e me deixe limpar seu sangue com minha boca.
Seja uma piranha na cama e me ame com carinho
Fale palavras sujas, baby.
Abra suas pernas e me ensina o que é poesia
Vamos transar com nossas almas, e amar com nossos corpos.
Abra um vinho pra comemorar, uma cerveja para festejar, e a vodca a gente deixa pro final,pra quando terminar.
E quando eu já estiver sozinho, levo o whisky que você comprou, como companhia.

PORQUE ESCREVO QUALQUER COISA PARA ME SATISFAZER, PAGO ATÉ DE MODERNISTA.


As palavras vão estuprando o papel, o desvirginando violentamente.
A pureza do nada vai sendo preenchida sem permissão alguma
Na há uma ordem ou sentido nisso tudo, só uma pretensão intelectual.
A poesia vai se perdendo por entre rimas vazias, mas agora este não é o caso,
Ela se perde no meio dela mesma ou talvez tenha se perdido em mim
E eu cá na minha tolice levei confusão para o papel.
Porém as palavras se embaralham na minha mente
E elas querem sair, sem ordem, só desordem.
Eu vou perdendo o ritmo
As palavras diminuem
Frases somem
Viram linhas
Minúsculas
Pequenas.
Poemas
Não
Ser
É
?

sábado, 7 de julho de 2012

ABANDONO


Esquecido em um porta retrato de cabeceira
Sem telefonemas, ou um “como vai você?”
E minha caixa de emails continua vazia
Já meu copo anda sempre cheio
E as três da madrugada os gatos miam
E eu ando na ruela solitária
Miando minhas magoas ao léu

Meu celular ainda não tocou
E o carteiro só traz contas para pagar
Minha cama de casal já está grande demais
Fria demais e eu ainda durmo só no lado direito
E hoje as três da madrugada os gatos não miarão
Só se ouvirá na ruela solitária
Um som de uma 38 e de um corpo caindo no chão.

Bluebird - A poem by Charles Bukowski - American Poems

Bluebird - A poem by Charles Bukowski - American Poems eis o motivo do nome do blog ser esse, uma homenagem ao velho Buk.

SEM QUERER... AMOR, SEM QUERER... DOR


Quantos eu te amos foram ditos da boca pra fora?
Quantas juras de amor não foram cumpridas?
O herói romântico é uma farsa, se houve algum, morreu no séc. XIX.
O amor é um ideal e como todo ideal, não se dá bem com a realidade.

A mulher chora em silencio, o homem grita, e dois adolescentes se apaixonam no outro lado da cidade.
Uma carta é escrita, um papel assinado, com um beijo um compromisso é selado, e o amor pegou um trem só de ida.
Um tiro no escuro é dado contra um peito aberto a espera de um abraço, vinho caído no chão, bitucas de cigarro no cinzeiro e uma lagrima cai sem emitir som algum.
Muitas pessoas querem morrer de amor por alguém, outras morrem sem querer.

POEMA SUJO


O mijo tá na ponta do pau
A inspiração está querendo sair e tomar sua forma
Ela escapa por entre meus dedos
E quase não se torna nada, os males do descaso.
Deixa pra lá, eu prometi um poema sujo.
Cheio de imundices e sacanagens
Falando sobre pus, gala, sucos vaginais, paus e bucetas, bucetas e paus
E um pouco de merda.
Uma suruba de sujeiras
Mas dane-se
Vou falar sobre o tédio
Esse inimigo da vida e servo do tempo
Amo e odeio, afinal,
Meu oficio é o ócio
Internet, musica, series, livros do Bukowski
Um pornozinho em intervalos periódicos de tempo

Sexo, drogas e rock and roll é pura utopia.
O sonho só é bom enquanto ainda é sonho
O maior inimigo da imaginação é a realidade

Só me restaram poemas sujos e sem poesia
Será que dar pra lavar na maquina?
Espera encher de água, e coloca um copo cheio de sabão em pó, foi isso que mamãe falou.
Mas ainda está tudo sujo, minhas roupas, meus poemas, minha alma.
Pelo menos um pode ir pra maquina.

Qual é o problema de sábados a noite?
Acabou a inspiração, e a bexiga está cheia.
Adios, vou ali esvaziar minha alma.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Putrefação

A decomposição não para
O cadáver continua apodrecer vagarosamente
Os vermes se deliciam com a carne do defunto
Os urubus com seus olhos famintos continuam ao redor

E a noite cai e com ela vem a imagem do terror
Ninguém ousa perturbar aquele silencio ensurdecedor
Os gritos das almas sofridas e penadas se calam, aquela ausência de som
Tudo está em uma falsa paz

E os vermes continuam decompondo a carne morta dos restos mortais
Daqueles que um dia viveram como nós e com nós
Não podemos saber o que acontece no interior do caixão quando ele é sepultado
É uma relação intima entre os vermes e o defunto
Uma roda que não para de girar
É o fim e ao mesmo tempo o começo

E nossos ancestrais continuam conosco
Mesmo sem perceber
Eles fazem parte da terra
E nós viemos dela e dela iremos embora.

MANHÃ BRANCA DE NATAL


Álcool, dor, lagrimas, desabafo
É assim que eu me lembro daquele dia
A manhã branca no natal
O sofrimento de pessoas marcadas
Infância difícil e complicada
Mãe louca, pai cúmplice
Talvez seja essa a definição
Pelo menos é a que eu ouvir

Família complexada
Absolutamente
A violência inerente a todos
Desmedida
Fatal
A garota fraca se mata
O passado fica em silencio
Ninguém comenta
É o medo?
De sofrer?
De não dormir de noite?

Remédios controlados
Sinônimo de fuga
E o som do piano continua alto
Como uma trilha sonora de um filme europeu

E o silencio daquela manhã branca de natal
Foi rasgado e maculado das vozes
Chorosas;
Sofridas;
Que ecoam na minha cabeça
E não param e não param
Não adianta tampar os ouvidos
O grito de dor é mais alto
Fechar os olhos e dormir?
Impossível

Não resta mais nada
Só resta esperar
As lagrimas vão secar
As feridas continuarão
E talvez nem o tempo seja capaz de fechá-las.